CRIAR PARA PRESERVAR
2ª PARTE.
Neste artigo quero homenagear alguns criadores de curió dos
anos 1960/1970/1980 e outros que criaram até que a legislação impondo regras
mais severas fez com que desistissem do
passatempo apaixonante capaz de gerar discussões por horas seguidas, onde cada
um elogiava seu pássaro de modo que parecesse o melhor.
Quem me provocou a paixão pelo curió foi BIZU (Evandro da
Silva Castro) comerciante aqui em Coaraci e hoje radicado em Itabuna. O fato
deu-se da seguinte forma. Ainda menino em meus 8/10 anos morando na fazenda, um
dia meu pai me enviou para a outra fazenda da família dar um recado ao meu tio
Felinho (Luis Rockfeller Portella Póvoas), e ao passar pelo ribeirão que corta
nossa fazenda, encontrei Bizu em pé perto da ponte e com a gaiola do curió na
mão, logo apareceu um curió pardo e Bizu pendurou a gaiola em um arbusto e o
curió desafiado pelo penetra em seu território, imediatamente pousou na gaiola
para afastar o intruso, neste instante o curió da gaiola, com o bico pegou o dono
da área pela perna e o prendeu (chamado curió de presa ou de bico), Bizu mais
que rapidamente pegou o curió e colocou em um recipiente apropriado para o
transporte. Este foi o acontecimento que despertou minha paixão pelo curió.
Outro episódio foi como consegui o melhor curió de briga que
já vi (isso por volta de 1966). Na minha rua, a José Evangelista de Farias,
moramos no nº 74, casa adquirida do Sr. Zito Brito (avô da professora Mércia e
pai da esposa do Pr Reginaldo Leal), na rua morava um cidadão funcionário da
Prefeitura Municipal de nome Francisco Borges Xavier, o XAVIER, pai de
Mochilão, que tinha um curió que ninguém quase não via, mais tínhamos o
conhecimento que era muito valente. Na rua também morava muitos amantes de
curió, canário da terra, azulão, bigode, papa-capim e outros pássaros. Lá
também morava a família Santiago, tendo seu chefe Olímpio Santiago e Dona Zélia
trazido ao mundo muitos filhos, entre eles, o hoje conhecido Osvaldo da
farinha. Pois bem, eu tinha um canário da terra ainda novo que prometia ser bom
de briga, e Osvaldo era apaixonado pelo canário e tentava de todos os modos
conseguir o canário, o que sempre me mostrava reservado. Osvaldo sabedor de
minha paixão por curió, nunca soube como ele consegui convencer o Sr. Xavier a
se desfazer do curió, de posse do curió, correu até minha casa e de chofre
perguntou se eu queria o curió no canário da terra. Aceitei imediatamente e
este curió, valente até não poder mais, não temia outro em nenhum lugar, me deu
imensas alegrias por vários anos, vindo a morrer de uma queda quando a gaiola
derrubada por um vento muito forte, o vasilhame de barro matou o curió. OS: na
época não existia este vasilhames plásticos de hoje, ou usávamos um vasilhame
de barro tipo uma banheira ou uma xícara sem alça.
Grandes criadores de curió que ainda me lembro:
Etelvino Nunes de Araújo, Emanuel Leite (Leitinho), Artur
Silva, José Teixeira, era casado com Terezinha Matos, irmã de Demóstenes Matos,
quando o conheci era comerciante em União Queimada – Município de Itajuípe, e
possuía um curió que eu nunca tinha vista tal quantidade de cantos, eu e meu
irmão Roger, ao ir para a fazenda, descíamos do carro na casa de José Teixeira
e pegávamos seu curió e íamos a pé até a fazenda distante 5 quilometros só pelo
prazer de sentir o curió cantando enquanto levávamos a gaiola na mão, eram
contados facilmente 25/30 cantos a todo momento. Eu e Roger exultávamos de
plena alegria. Sr. Joaquim Reis, oriundo de Santo Antonio de Jesus, também comerciante de secos e molhados, na
Rui Barbosa, se não me engano, hoje a loja de Jorge Simões, criava vi-té-téu, o
canto do recôncavo baiano, que tinha sua cidade natal como centro regional, e
como não poderia ser, seu filho Valter Reis (Surubim) grande figura, era também
amante do pássaro. Todos eles criadores sem grandes conhecimento técnico sobre
manutenção de curió, na época, em cativeiro, hoje recebe a denominação de
pássaro mantido em ambiente doméstico ou em domesticidade. De grandes
conhecimento técnico, temos José Alves (Dedeco) irmão de Jajai relojoeiro, em curió de canto praia clássico
(canto oriundo de Praia Grande – SP).
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