Dicas para Iniciantes
Se você deseja iniciar uma criação de Canários, mesmo que de forma
amadora, leia antes essas dicas retiradas do site da Federação Ornitológica do
Brasil – FOB.
Publicado no site: http://www.canariosbelga.com.br
Para iniciar uma pequena criação de canários, geralmente pode-se adaptar algum cômodo já existente na casa. De preferência, a acomodação deverá ser provida de ampla(s) janela(s) voltada(s) para o sol nascente.
As janelas devem ser protegidas por tela de malha fina para
evitar a entrada de insetos e dispostas de maneira a evitar corrente de ar
direta sobre as gaiolas, para prevenir o desenvolvimento de problemas
respiratórios. Entretanto, é necessário que haja circulação de ar, o que muitas
vezes pode ser solucionado com pequenas aberturas junto ao forro, que
facilitarão a saída do ar aquecido.
A previsão do número de casais deverá ser feita de acordo com as
dimensões do criadouro, sempre tendo em mente que o mesmo também precisará
acomodar os futuros filhotes e que a superpopulação é uma das causas de
insucesso na criação de pássaros.
As gaiolas indicadas para a criação de canários são as de arame
galvanizado com grade divisória removível e suportes externos para bebedouros e
comedouros. Existem no comércio diversos tipos de gaiolas e excelentes
fabricantes. Antes de adquirí-las é recomendável fazer uma pesquisa cuidadosa
para eleger o modelo mais conveniente, o melhor acabamento e preço, sendo
interessante ouvir a opinião de criadores experientes.
Feita a escolha, deve-se adquirir as gaiolas iguais e do mesmo
fabricante, com a finalidade de padronizar o equipamento e facilitar o
manuseio. Embora um pouco mais caro, deve-se adquirir para cada gaiola, uma
grade-piso sobressalente que facilitará a limpeza. Os fundo das gaiolas
(bandejas) devem ser forrados com papel absorvente (pode-se usar folhas de
jornal) e sempre que houver acúmulo de dejetos troca-se a forração (dias
alternados).
Pelo menos duas vezes por semana as grades-pisos devem ser
trocadas por outras limpas. As grades retiradas devem ser imersas em água por
algumas horas, depois cuidadosamente esfregadas e lavadas e imersas novamente
por algumas horas em solução desinfetante. É preciso dispensar cuidados
especiais também com os poleiros, que devem ser mantidos limpos e, se possível
trocados a cada duas semanas.
São muitos e variados os acessórios e utensílios destinados a
equipar as gaiolas de criação que podem ser encontrados no comércio. Deve-se
evitar sobrecarregar as gaiolas com equipamentos muitas vezes supérfluos e que
acabam dificultando a manutenção da higiene.
Os melhores e mais práticos são os comedouros e bebedouros de
plásticos em forma de concha ou meia-lua, usados no exterior da gaiola. Esses
recipientes devem ser mantidos rigorosamente limpos, não admitindo-se que os
bebedouros criem limo (algas) e os comedouros acumulem pó.
Além da limpeza diária dos bebedouros com pincel, escova e
esponja, pelo menos uma vez por semana os mesmos devem ser mergulhados por
algumas horas em solução de cloro (Quiboa, Cândida, etc…) e depois enxaguados
em água corrente.
Os comedouros destinados às sementes devem ser constantemente
esvaziados para evitar o acúmulo de pó e podem ser trocados para lavagem em
espaços de tempos maiores. Para ministrar alimentos úmidos como a farinhada e
papas, usa-se vasilhas de louça, vidro ou plástico, que devem ser substituídos
diariamente e tratados com os mesmos rigores higiênicos.
Os canários precisam tomar banhos frequentes e para isso pode-se
adquirir banheiras plásticas de tamanho grande, mas que permitam a sua passagem
pelas portas das gaiolas. Hoje existem à venda no mercado banheiras plásticas
externas, muito práticas, que podem ser adaptadas à porta da gaiola. Durante a
época de criação deve-se fornecer aos casais, ninhos adequados, sendo muito
usados os de plástico que são duráveis e de fácil higienização. Esses ninhos
devem receber forros de flanela, corda ou feltro, comumente encontrados em
lojas especializadas. É boa prática trocar os ninhos quando os filhotes são
anilhados e sempre usar ninhos limpos a cada nova ninhada.
Como o objetivo da canaricultura é a qualidade e não a
quantidade, o criador inexperiente nao deve iniciar sua criação com número
muito grande de casais. Se a intenção for ter um ou dois casais, por
passatempo, sem a preocupação com os resultados, qualquer casal serve, desde
que seja saudável. Entretanto, se o objetivo for criar canários pensando em
desenvolvimento técnico e em concursos, deve-se começar com casais de raça ou
cor de acordo com a preferência, mas de qualidade reconhecida. O criador deverá
então filiar-se a um clube ornitológico que Ihe possibilitará a compra de
anilhas para registro dos filhotes e a participação em concursos oficiais, além
de assistencia técnica e convívio com outros criadores. Para conseguir bons
pássaros é prudente visitar criadores de prestígio, que poderão dar valiosas
orientações sobre os acasalamentos pretendidos e fornecer matrizes de qualidade
técnica indiscutível.
Algumas regras já estabelecidas são importantes e devem ser
lembradas na hora da compra:
- Desconfie dos pássaros baratos, pois geralmente são de
qualidade inferior ou portadores de alguma afecção. É preferivel começar com
poucos casais de qualidade do que com muitos ruins;
- Compre somente canários que tenham anilha e solicite do
vendedor o seu “pedigree”;
- Não confie somente no seu “gosto” para avaliar um canário que
deseja comprar. Certifique-se se ele está dentro dos padrões da cor ou da raça
desejada.
- Não compre exemplares fracos ou enfermos por melhor que seja o
seu “pedigree”, pois um pássaro nessas condições não será bom reprodutor;
- Lembre-se que um pássaro saudável é esperto e alegre. Sua
barriga deve ser limpa e sem manchas, seus pés e dedos sem crostas ou
tumurações e sua respiração silenciosa e sem chiado.
Segundo o saudoso companheiro Carlos Gimenez “nem sempre um
canário que obteve um primeiro lugar é o mais adequado para criação. Existem
canários espetaculares em termos de plantel e criação, que não teriam grandes
chances numa mesa de julgamento, ou por estarem com a plumagem desarrumada, ou
por terem o rabo um pouco aberto ou por estarem um pouco gordos quebrando assim
a harmonia visual.
Seria muito fácil se você comprasse o macho campeão e a fêmea
campeã e acasalando-os obtivesse o novo campeão”. Claro que os pássaros
classificados em concursos devem possuir qualidades, mas também é muito
importante a sua origem e potencialidade genéticas, o que justifica o dito
muito popular entre os canaricultores:
“É preferível um pássaro razoável de uma excelente criação do
que um pássaro excelente de uma criação razoável”.
Considerando-se as variações naturais de luz solar, anualmente
ocorre um aumento gradual e contínuo do tempo de duração da luminosidade do
dia, a partir de 21 de junho, alcançando o máximo em 21 de dezembro.
Esse período, considerado foto-período positivo, influencia o
ciclo reprodutivo dos canários. Assim, entre a segunda quinzena de julho e a
primeira de agosto, em nosso hemisfério, é a época recomendada para iniciar os
acasalamentos. Os machos e as fêmeas deverão ser colocados nas gaiolas de cria,
separados pela grade divisória, para um período de adaptação fornecendo-se às
fêmeas o ninho e fios de estopa ( desfiada ou em pedaços de 5×5 cm. presos nas
gaiolas).
Quando os pássaros começarem a trocar comida através da grade e
a fêmea a confeccionar o ninho, remove-se a grade divisória, sendo então bem
menor a possibilidade de brigas geradas por incompatibilidade ou despreparo do
casal.
A postura do primeiro ovo sucede entre 6-8 dias após a primeira
cópula e as posturas mais frequentes são as de 3 e 4 ovos. A canária
normalmente põe os ovos em dias seguidos, mas em alguns casos pode ocorrer
intervalo de um dia entre um ovo e o seguinte. Nas primeiras horas da manhã ( 5
a 7 h), a canária realiza a postura e depois é coberta pelo macho, o que
assegura a fecundação dos ovos posteriores. Por isso, não é conveniente entrar
no criadouro muito cedo.
Todas as manhãs, depois das 7 horas, os ovos recém-postos devem
ser retirados e substituídos por ovos de plásticos. Os ovos recolhidos devem
ser colocados em recipientes com areia, algodão ou semente esferica (evitar
sementes pontiagudas como o alpiste, que podem perfurar a casca) e mantidos em
temperatura ambiente.
Após a postura do último ovo, que normalmente é de cor mais
escura, os ovos devem voltar ao ninho, sendo este considerado o primeiro dia da
incubação. A razão desse procedimento é para que os filhotes nasçam no mesmo
dia e tenham a mesma oportunidade de desenvolvimento.
Normalmente a incubação é de 13 dias e nesse período é
conveniente que o ambiente seja tranquilo e que as manipulações na gaiola sejam
rápidas, evitando-se perturbar a canária.
Durante a incubação os ovos perdem água através da casca que é
porosa e permite tambem o intercâmbio de gases necessários para a vida do
embrião Nesse processo de “respiração do ovo” o vapor da água expelido deve ser
reposto. Daí a necessidade, nesse período, de umidade relativa do ar mais
elevada. As canárias por instinto regulam a umidade molhando suas penas, sendo
conveniente colocar banheiras, particularmente ao final da incubação (3-4 dias
antes do final), momento em que os ovos necessitam de maior umidade e menor
temperatura para que os estímulos de eclosão sejam eficazes e os filhotes
possam romper facilmente a casca (70-90 % de umidade).
Se a fêmea não se banha é conveniente pulverizar os ninhos com
água . Em períodos de baixa umidade pode-se também colocar esponja úmida no
fundo da gaiola, embaixo do ninho. Durante a incubação pode-se fazer o
diagnóstico da fertilidade dos ovos a partir do 5º ou 6º dia, examinando-os por
transparência através de um foco de luz e comprovando a existência do complexo
embrionário. Para isso emprega-se um “ovoscópio” que consiste numa caixa
contendo uma Iâmpada no interior e um estreito orifício sobre o qual se coloca
o ovo.
Observando-se um ovo não fecundado, por esse método, a gema é
perfeitamente distinguida, enquanto nos ovos fecundados, a partir do 3º ou 4º
dia de incubação já nao se distingue a gema como se ela estivesse misturada com
a clara. Com a prática, a olho nú pode-se distinguir os ovos, “claros” dos
fecundados, pois estes, aos seis dias de incubação adquirem uma coloração mais
intensa e fosca.
Segundo Perez e Perez (Bases Biológicas y de Aplicación Práctica
de la Canaricultura) os ovos abortados constituem perigo pelas emanações que
produzem sobre os ovos normais, podendo ser esta a causa de fracasso da
incubação. Por essa razão, esse autor recomenda a ovoscopia em dois períodos,
aos 5-6 dias para identificar os ovos infecundados e aos 10-11 dias para
eliminar os embriões mortos.
Na maioria dos casos o nascimento se produz exatamente no 13º
dia de incubação. Entretanto, se o nascimento não ocorrer dentro do previsto,
deve-se ter paciência e aguardar. Várias circunstâncias podem causar o atraso.
Há fêmeas que não chocam e saem do ninho com frequência. A falta de umidade
também pode influir. Não abra ou jogue fora um ovo pelo menos até o 15º dia de
choco e, mesmo assim, faça mais um teste de vitalidade.
Para isso coloca-se os ovos em um recipiente com água morna e
aguarda-se alguns minutos. Se o embrião estiver vivo, o ovo flutuará com a
ponta para baixo, uma vez que a câmara de ar ocupa o polo mais largo e
balançará ligeiramente. Os ovos abortados flutuarão de lado, sem movimentos
pendulares, ou afundarão.
Para identificar as aves, o sistema mais prático e seguro,
consiste na colocação de anilhas nas pernas dos filhotes. A anilha é um anel de
alumínio, fechada, inviolável, nas quais estão gravadas as siglas da Federação
e da Sociedade que as emitiu, o ano do nascimento, o número de ordem e o número
do criador. Esta anilha é a identidade do pássaro, pois não sairá mais de sua
perna, acompanhando-o por toda a vida. Os pássaros para serem apresentados em
exposições e concursos oficiais devem portar obrigatoriamente anilhas.
As anilhas são colocadas nos canários, com poucos dias de vida,
de 4 a 7, mas sempre tendo-se em conta o desenvolvimento de suas patas,
evitando-se que a operação seja traumatizante no caso de grande desenvolvimento
ou que o pássaro a perca, se a manobra for realizada muito cedo.
O anilhamento é um processo delicado e às vezes é difícil, para
o principiante. Deve ser feito sobre uma mesa forrada com papel, pois ao pegar
os filhotes é comum que os mesmos defequem.
Para anilhar, toma-se o filhote com a mão esquerda, e com a
direita o anel. Passa-se a anilha pelos três dedos anteriores, deslizando-a até
o início da articulação. Segura-se a ponta desses dedos e desloca-se a anilha
através do dedo posterior, que deve estar no mesmo sentido da perna, fazendo
com que o anel passe para a perna. Em seguida liberta-se o dedo posterior,
desenganchando-o da anilha. Essa operação pode ser facilitada, untando-se os
pés dos filhotes com vaselina ou outro lubrificante neutro.
Após a abertura dos olhos dos filhotes não convem manusear os
ninhos, para evitar que os mesmos o abandonem prematuramente, causando sérios
incovenientes. A permanência no ninho até 20 dias é considerada normal. As
ninhadas bem nutridas deixam o ninho entre 15 e 18 dias. Poucos dias depois, os
filhotes começam a bicar os alimentos, principalmente a farinhada, frutas e
verduras. Com um mês devem descascar e quebrar as sementes, podendo então ser
separados dos pais.
Uma regra prática interessante é não separar os filhotes
enquanto estes não perderem as penugens da cabeça (espécie de pelos).
Normalmente, por volta do 25º dia, a fêmea inicia outro ciclo e começa a se
preparar para nova postura. Nesse período os pais podem depenar os filhotes em
busca de material para confeccionar o novo ninho. Isso pode ser evitado,
separando-se os filhotes dos pais pela grade divisória da gaiola e oferecendo
ao casal material para a confecção do ninho.
Os pais alimentam os filhotes pela grade, bastando para isso a
colocação de poleiros baixos e próximos à grade divisoria, dos dois lados.
Deve-se oferecer aos pais alimentação farta e variada. A
farinhada com ovo cozido deve ser administrada em pequenas quantidades e várias
vezes ao dia. Pode-se usar verduras como o almeirão, chicória e couve, sempre
muito bem lavadas e frescas, bem como maçã e jiló.
O uso de variedades de sementes tambem é importante. Além do
alpiste, a aveia sem casca ( especialmente na primeira semana) e o níger devem
ser oferecidos em comedouros separados. Alguns criadores costumam usar pão
molhado no leite, com muita aceitação pelas fêmeas. O preparo é feito usando
pão d’água, amanhecido, descascado e cortado em fatias, que sao mergulhadas em
água. As fatias intumescidas são espremidas e colocadas novamente na água,
repetindo-se a operação várias vezes. Depois, mergulhadas em leite, novamente
espremidas e oferecidas aos pássaros. Algumas canárias não alimentam ou
alimentam mal os seus filhotes, apesar dos cuidados do criador.
Nesses casos, Delille ( ABC Pratique de l’Eleveurs de Canaries
Coulleurs) recomenda além da retirada do macho, oferecer água de beber
fortemente açucarada por um dia e pedaços de maçã. Outro recurso que pode ser
usado, principalmente para as canárias que saem pouco do ninho, é retirar o
ninho com os filhotes por alguns momentos. Essa manobra faz com que a fêmea se
alimente e ao voltar ao ninho, acabe alimentando os filhotes.
É sempre interessante colocar várias fêmeas para chocar ao mesmo
tempo, ainda que para isso seja preciso esperar alguns dias. Caso falhem todas
as manobras para estimular uma fêmea preguiçosa a tratar sua ninhada, resta
ainda a possibilidade de distribuir os filhotes entre as fêmeas que estejam
tratando bem. Alguns criadores costumam auxiliar as fêmeas, administrando
alimentos pastosos no bico dos filhotes, prática essa que é condenada por
outros. Esse procedimento não deve ser usado o tempo todo, mas acreditamos que
nos dois ou três primeiros dias de vida é muito importante, pois permite
administrar aos filhotes vitaminas e medicamentos eficientes no tratamento, por
exemplo, da colibacilose, patologia responsável pela maioria das mortes no
ninho.
Além disso, auxilia o desenvolvimento inicial, mantendo os
filhotes em condições de se levantarem e pedirem alimentação às mães,
aumentando o índice de sobrevivência. As fórmulas das farinhadas que podem ser
misturadas ao ovo cozido e passado pela peneira para fazer a “farinhada “ou
“farofa “, são muito variadas. Esse assunto é bastante polêmico e cada criador
tem a sua própria receita, guardada muitas vezes com grande segredo. O objetivo
final dessa farinhada é obter uma mistura com proporções adequadas de
carboidratos, proteínas e gorduras, além de sais minerais e vitaminas, o que na
maioria das vezes não é alcançado.
Nas revistas e livros especializados encontram-se várias sugestões
para o preparo dessas misturas. Existem hoje no comércio rações balanceadas e
adequadas, que estão sendo usadas por criadores com bons resultados.
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