domingo, 31 de março de 2013

Dicas para Iniciantes


Dicas para Iniciantes
Se você deseja iniciar uma criação de Canários, mesmo que de forma amadora, leia antes essas dicas retiradas do site da Federação Ornitológica do Brasil – FOB.

LOCAL DE CRIAÇÃO











Para iniciar uma pequena criação de canários, geralmente pode-se adaptar algum cômodo já existente na casa. De preferência, a acomodação deverá ser provida de ampla(s) janela(s) voltada(s) para o sol nascente.
As janelas devem ser protegidas por tela de malha fina para evitar a entrada de insetos e dispostas de maneira a evitar corrente de ar direta sobre as gaiolas, para prevenir o desenvolvimento de problemas respiratórios. Entretanto, é necessário que haja circulação de ar, o que muitas vezes pode ser solucionado com pequenas aberturas junto ao forro, que facilitarão a saída do ar aquecido.
A previsão do número de casais deverá ser feita de acordo com as dimensões do criadouro, sempre tendo em mente que o mesmo também precisará acomodar os futuros filhotes e que a superpopulação é uma das causas de insucesso na criação de pássaros.

As gaiolas indicadas para a criação de canários são as de arame galvanizado com grade divisória removível e suportes externos para bebedouros e comedouros. Existem no comércio diversos tipos de gaiolas e excelentes fabricantes. Antes de adquirí-las é recomendável fazer uma pesquisa cuidadosa para eleger o modelo mais conveniente, o melhor acabamento e preço, sendo interessante ouvir a opinião de criadores experientes.
Feita a escolha, deve-se adquirir as gaiolas iguais e do mesmo fabricante, com a finalidade de padronizar o equipamento e facilitar o manuseio. Embora um pouco mais caro, deve-se adquirir para cada gaiola, uma grade-piso sobressalente que facilitará a limpeza. Os fundo das gaiolas (bandejas) devem ser forrados com papel absorvente (pode-se usar folhas de jornal) e sempre que houver acúmulo de dejetos troca-se a forração (dias alternados).
Pelo menos duas vezes por semana as grades-pisos devem ser trocadas por outras limpas. As grades retiradas devem ser imersas em água por algumas horas, depois cuidadosamente esfregadas e lavadas e imersas novamente por algumas horas em solução desinfetante. É preciso dispensar cuidados especiais também com os poleiros, que devem ser mantidos limpos e, se possível trocados a cada duas semanas.

São muitos e variados os acessórios e utensílios destinados a equipar as gaiolas de criação que podem ser encontrados no comércio. Deve-se evitar sobrecarregar as gaiolas com equipamentos muitas vezes supérfluos e que acabam dificultando a manutenção da higiene.
Os melhores e mais práticos são os comedouros e bebedouros de plásticos em forma de concha ou meia-lua, usados no exterior da gaiola. Esses recipientes devem ser mantidos rigorosamente limpos, não admitindo-se que os bebedouros criem limo (algas) e os comedouros acumulem pó.
Além da limpeza diária dos bebedouros com pincel, escova e esponja, pelo menos uma vez por semana os mesmos devem ser mergulhados por algumas horas em solução de cloro (Quiboa, Cândida, etc…) e depois enxaguados em água corrente.
Os comedouros destinados às sementes devem ser constantemente esvaziados para evitar o acúmulo de pó e podem ser trocados para lavagem em espaços de tempos maiores. Para ministrar alimentos úmidos como a farinhada e papas, usa-se vasilhas de louça, vidro ou plástico, que devem ser substituídos diariamente e tratados com os mesmos rigores higiênicos.
Os canários precisam tomar banhos frequentes e para isso pode-se adquirir banheiras plásticas de tamanho grande, mas que permitam a sua passagem pelas portas das gaiolas. Hoje existem à venda no mercado banheiras plásticas externas, muito práticas, que podem ser adaptadas à porta da gaiola. Durante a época de criação deve-se fornecer aos casais, ninhos adequados, sendo muito usados os de plástico que são duráveis e de fácil higienização. Esses ninhos devem receber forros de flanela, corda ou feltro, comumente encontrados em lojas especializadas. É boa prática trocar os ninhos quando os filhotes são anilhados e sempre usar ninhos limpos a cada nova ninhada.

Como o objetivo da canaricultura é a qualidade e não a quantidade, o criador inexperiente nao deve iniciar sua criação com número muito grande de casais. Se a intenção for ter um ou dois casais, por passatempo, sem a preocupação com os resultados, qualquer casal serve, desde que seja saudável. Entretanto, se o objetivo for criar canários pensando em desenvolvimento técnico e em concursos, deve-se começar com casais de raça ou cor de acordo com a preferência, mas de qualidade reconhecida. O criador deverá então filiar-se a um clube ornitológico que Ihe possibilitará a compra de anilhas para registro dos filhotes e a participação em concursos oficiais, além de assistencia técnica e convívio com outros criadores. Para conseguir bons pássaros é prudente visitar criadores de prestígio, que poderão dar valiosas orientações sobre os acasalamentos pretendidos e fornecer matrizes de qualidade técnica indiscutível.
Algumas regras já estabelecidas são importantes e devem ser lembradas na hora da compra:
- Desconfie dos pássaros baratos, pois geralmente são de qualidade inferior ou portadores de alguma afecção. É preferivel começar com poucos casais de qualidade do que com muitos ruins;
- Compre somente canários que tenham anilha e solicite do vendedor o seu “pedigree”;
- Não confie somente no seu “gosto” para avaliar um canário que deseja comprar. Certifique-se se ele está dentro dos padrões da cor ou da raça desejada.
- Não compre exemplares fracos ou enfermos por melhor que seja o seu “pedigree”, pois um pássaro nessas condições não será bom reprodutor;
- Lembre-se que um pássaro saudável é esperto e alegre. Sua barriga deve ser limpa e sem manchas, seus pés e dedos sem crostas ou tumurações e sua respiração silenciosa e sem chiado.
Segundo o saudoso companheiro Carlos Gimenez “nem sempre um canário que obteve um primeiro lugar é o mais adequado para criação. Existem canários espetaculares em termos de plantel e criação, que não teriam grandes chances numa mesa de julgamento, ou por estarem com a plumagem desarrumada, ou por terem o rabo um pouco aberto ou por estarem um pouco gordos quebrando assim a harmonia visual.
Seria muito fácil se você comprasse o macho campeão e a fêmea campeã e acasalando-os obtivesse o novo campeão”. Claro que os pássaros classificados em concursos devem possuir qualidades, mas também é muito importante a sua origem e potencialidade genéticas, o que justifica o dito muito popular entre os canaricultores:
“É preferível um pássaro razoável de uma excelente criação do que um pássaro excelente de uma criação razoável”.

Considerando-se as variações naturais de luz solar, anualmente ocorre um aumento gradual e contínuo do tempo de duração da luminosidade do dia, a partir de 21 de junho, alcançando o máximo em 21 de dezembro.
Esse período, considerado foto-período positivo, influencia o ciclo reprodutivo dos canários. Assim, entre a segunda quinzena de julho e a primeira de agosto, em nosso hemisfério, é a época recomendada para iniciar os acasalamentos. Os machos e as fêmeas deverão ser colocados nas gaiolas de cria, separados pela grade divisória, para um período de adaptação fornecendo-se às fêmeas o ninho e fios de estopa ( desfiada ou em pedaços de 5×5 cm. presos nas gaiolas).
Quando os pássaros começarem a trocar comida através da grade e a fêmea a confeccionar o ninho, remove-se a grade divisória, sendo então bem menor a possibilidade de brigas geradas por incompatibilidade ou despreparo do casal.

A postura do primeiro ovo sucede entre 6-8 dias após a primeira cópula e as posturas mais frequentes são as de 3 e 4 ovos. A canária normalmente põe os ovos em dias seguidos, mas em alguns casos pode ocorrer intervalo de um dia entre um ovo e o seguinte. Nas primeiras horas da manhã ( 5 a 7 h), a canária realiza a postura e depois é coberta pelo macho, o que assegura a fecundação dos ovos posteriores. Por isso, não é conveniente entrar no criadouro muito cedo.
Todas as manhãs, depois das 7 horas, os ovos recém-postos devem ser retirados e substituídos por ovos de plásticos. Os ovos recolhidos devem ser colocados em recipientes com areia, algodão ou semente esferica (evitar sementes pontiagudas como o alpiste, que podem perfurar a casca) e mantidos em temperatura ambiente.
Após a postura do último ovo, que normalmente é de cor mais escura, os ovos devem voltar ao ninho, sendo este considerado o primeiro dia da incubação. A razão desse procedimento é para que os filhotes nasçam no mesmo dia e tenham a mesma oportunidade de desenvolvimento.

Normalmente a incubação é de 13 dias e nesse período é conveniente que o ambiente seja tranquilo e que as manipulações na gaiola sejam rápidas, evitando-se perturbar a canária.
Durante a incubação os ovos perdem água através da casca que é porosa e permite tambem o intercâmbio de gases necessários para a vida do embrião Nesse processo de “respiração do ovo” o vapor da água expelido deve ser reposto. Daí a necessidade, nesse período, de umidade relativa do ar mais elevada. As canárias por instinto regulam a umidade molhando suas penas, sendo conveniente colocar banheiras, particularmente ao final da incubação (3-4 dias antes do final), momento em que os ovos necessitam de maior umidade e menor temperatura para que os estímulos de eclosão sejam eficazes e os filhotes possam romper facilmente a casca (70-90 % de umidade).
Se a fêmea não se banha é conveniente pulverizar os ninhos com água . Em períodos de baixa umidade pode-se também colocar esponja úmida no fundo da gaiola, embaixo do ninho. Durante a incubação pode-se fazer o diagnóstico da fertilidade dos ovos a partir do 5º ou 6º dia, examinando-os por transparência através de um foco de luz e comprovando a existência do complexo embrionário. Para isso emprega-se um “ovoscópio” que consiste numa caixa contendo uma Iâmpada no interior e um estreito orifício sobre o qual se coloca o ovo.
Observando-se um ovo não fecundado, por esse método, a gema é perfeitamente distinguida, enquanto nos ovos fecundados, a partir do 3º ou 4º dia de incubação já nao se distingue a gema como se ela estivesse misturada com a clara. Com a prática, a olho nú pode-se distinguir os ovos, “claros” dos fecundados, pois estes, aos seis dias de incubação adquirem uma coloração mais intensa e fosca.
Segundo Perez e Perez (Bases Biológicas y de Aplicación Práctica de la Canaricultura) os ovos abortados constituem perigo pelas emanações que produzem sobre os ovos normais, podendo ser esta a causa de fracasso da incubação. Por essa razão, esse autor recomenda a ovoscopia em dois períodos, aos 5-6 dias para identificar os ovos infecundados e aos 10-11 dias para eliminar os embriões mortos.

Na maioria dos casos o nascimento se produz exatamente no 13º dia de incubação. Entretanto, se o nascimento não ocorrer dentro do previsto, deve-se ter paciência e aguardar. Várias circunstâncias podem causar o atraso. Há fêmeas que não chocam e saem do ninho com frequência. A falta de umidade também pode influir. Não abra ou jogue fora um ovo pelo menos até o 15º dia de choco e, mesmo assim, faça mais um teste de vitalidade.
Para isso coloca-se os ovos em um recipiente com água morna e aguarda-se alguns minutos. Se o embrião estiver vivo, o ovo flutuará com a ponta para baixo, uma vez que a câmara de ar ocupa o polo mais largo e balançará ligeiramente. Os ovos abortados flutuarão de lado, sem movimentos pendulares, ou afundarão.

Para identificar as aves, o sistema mais prático e seguro, consiste na colocação de anilhas nas pernas dos filhotes. A anilha é um anel de alumínio, fechada, inviolável, nas quais estão gravadas as siglas da Federação e da Sociedade que as emitiu, o ano do nascimento, o número de ordem e o número do criador. Esta anilha é a identidade do pássaro, pois não sairá mais de sua perna, acompanhando-o por toda a vida. Os pássaros para serem apresentados em exposições e concursos oficiais devem portar obrigatoriamente anilhas.
As anilhas são colocadas nos canários, com poucos dias de vida, de 4 a 7, mas sempre tendo-se em conta o desenvolvimento de suas patas, evitando-se que a operação seja traumatizante no caso de grande desenvolvimento ou que o pássaro a perca, se a manobra for realizada muito cedo.
O anilhamento é um processo delicado e às vezes é difícil, para o principiante. Deve ser feito sobre uma mesa forrada com papel, pois ao pegar os filhotes é comum que os mesmos defequem.
Para anilhar, toma-se o filhote com a mão esquerda, e com a direita o anel. Passa-se a anilha pelos três dedos anteriores, deslizando-a até o início da articulação. Segura-se a ponta desses dedos e desloca-se a anilha através do dedo posterior, que deve estar no mesmo sentido da perna, fazendo com que o anel passe para a perna. Em seguida liberta-se o dedo posterior, desenganchando-o da anilha. Essa operação pode ser facilitada, untando-se os pés dos filhotes com vaselina ou outro lubrificante neutro.

Após a abertura dos olhos dos filhotes não convem manusear os ninhos, para evitar que os mesmos o abandonem prematuramente, causando sérios incovenientes. A permanência no ninho até 20 dias é considerada normal. As ninhadas bem nutridas deixam o ninho entre 15 e 18 dias. Poucos dias depois, os filhotes começam a bicar os alimentos, principalmente a farinhada, frutas e verduras. Com um mês devem descascar e quebrar as sementes, podendo então ser separados dos pais.
Uma regra prática interessante é não separar os filhotes enquanto estes não perderem as penugens da cabeça (espécie de pelos). Normalmente, por volta do 25º dia, a fêmea inicia outro ciclo e começa a se preparar para nova postura. Nesse período os pais podem depenar os filhotes em busca de material para confeccionar o novo ninho. Isso pode ser evitado, separando-se os filhotes dos pais pela grade divisória da gaiola e oferecendo ao casal material para a confecção do ninho.
Os pais alimentam os filhotes pela grade, bastando para isso a colocação de poleiros baixos e próximos à grade divisoria, dos dois lados.

Deve-se oferecer aos pais alimentação farta e variada. A farinhada com ovo cozido deve ser administrada em pequenas quantidades e várias vezes ao dia. Pode-se usar verduras como o almeirão, chicória e couve, sempre muito bem lavadas e frescas, bem como maçã e jiló.
O uso de variedades de sementes tambem é importante. Além do alpiste, a aveia sem casca ( especialmente na primeira semana) e o níger devem ser oferecidos em comedouros separados. Alguns criadores costumam usar pão molhado no leite, com muita aceitação pelas fêmeas. O preparo é feito usando pão d’água, amanhecido, descascado e cortado em fatias, que sao mergulhadas em água. As fatias intumescidas são espremidas e colocadas novamente na água, repetindo-se a operação várias vezes. Depois, mergulhadas em leite, novamente espremidas e oferecidas aos pássaros. Algumas canárias não alimentam ou alimentam mal os seus filhotes, apesar dos cuidados do criador.
Nesses casos, Delille ( ABC Pratique de l’Eleveurs de Canaries Coulleurs) recomenda além da retirada do macho, oferecer água de beber fortemente açucarada por um dia e pedaços de maçã. Outro recurso que pode ser usado, principalmente para as canárias que saem pouco do ninho, é retirar o ninho com os filhotes por alguns momentos. Essa manobra faz com que a fêmea se alimente e ao voltar ao ninho, acabe alimentando os filhotes.
É sempre interessante colocar várias fêmeas para chocar ao mesmo tempo, ainda que para isso seja preciso esperar alguns dias. Caso falhem todas as manobras para estimular uma fêmea preguiçosa a tratar sua ninhada, resta ainda a possibilidade de distribuir os filhotes entre as fêmeas que estejam tratando bem. Alguns criadores costumam auxiliar as fêmeas, administrando alimentos pastosos no bico dos filhotes, prática essa que é condenada por outros. Esse procedimento não deve ser usado o tempo todo, mas acreditamos que nos dois ou três primeiros dias de vida é muito importante, pois permite administrar aos filhotes vitaminas e medicamentos eficientes no tratamento, por exemplo, da colibacilose, patologia responsável pela maioria das mortes no ninho.
Além disso, auxilia o desenvolvimento inicial, mantendo os filhotes em condições de se levantarem e pedirem alimentação às mães, aumentando o índice de sobrevivência. As fórmulas das farinhadas que podem ser misturadas ao ovo cozido e passado pela peneira para fazer a “farinhada “ou “farofa “, são muito variadas. Esse assunto é bastante polêmico e cada criador tem a sua própria receita, guardada muitas vezes com grande segredo. O objetivo final dessa farinhada é obter uma mistura com proporções adequadas de carboidratos, proteínas e gorduras, além de sais minerais e vitaminas, o que na maioria das vezes não é alcançado.
Nas revistas e livros especializados encontram-se várias sugestões para o preparo dessas misturas. Existem hoje no comércio rações balanceadas e adequadas, que estão sendo usadas por criadores com bons resultados.


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