Luiz Antonio Taddei –
JACAREÍ-SP.
26/Junho/2003
SELEÇÃO DO PLANTEL
OBJETIVANDO CANTO, VOZ,
ANDAMENTO,
ÍNDICE DE RETOMADA,
HARMONIA, COESÃO,
Como estruturar uma base de dados do
plantel ?
“Na medida que avança as
nossas comunicações, concluo que mesmos aspectos vinculados aos fenótipos dos
nossos pássaros, não estamos prontos para mensurá-los ou mesmo avaliá-los.
Para ilustrar, pensemos no
caso dos pássaros para canto clássico. Os predicados canoros desejáveis estão
vinculados à: Voz, Andamento, Índice
de Retomada, Harmonia, Coesão, Tempo
de Duração ou Repetições, etc ..
Afirmo com segurança, que
neste momento não estamos preparados para registrar estes dados em uma ficha,
que permitiria nortear decisões de acasalamentos adequados. A justificativa que
encontro para esta limitação, decorre do fato de jamais termos nos empenhado,
em registrar aspectos que estão diante dos nossos olhos e ouvidos...” Ivan
de Souza Neto.
Diante da preocupação
apresentada, pergunto:
Existe
atualmente algum Canário da Terra com todos esses predicados ????
Resposta: Sim existe, ou,
quase. Todo pássaro apresenta em cada cantada Voz e Andamento de Canto, e
também podemos mensurar o Índice de Retomada de Canto.
Para os pássaros que cantam
num Dialeto, com características canoras previamente definidas dentro de um
Padrão (vide regulamento para Metralha e Estalo) podemos avaliar: Harmonia,
Coesão e Tempo de Duração do Canto.
Até aqui, não temos nenhuma
novidade, em relação ao que é praticado nas estacas de canto, enquanto
critérios a serem julgados.
Olhando sobre este enfoque,
percebemos, que os predicados citados, são praticados de forma intuitiva e
empírica. A ausência de uma forma de mensurar Voz e Andamento de Canto é
que torna a atividade de encartamento de canto confusa, ficando a mercê da
predileção de cada um.
Obviamente que tenho a
minha preferência particular, bem como, todo criador tem a sua. No entanto, a
dificuldade de transformar estes predicados, em algo que uma pessoa distante do
meu convívio pudesse mensurar e avaliar, e extrair conclusões semelhantes
às minhas, padronizaria as interpretações canoras dos pássaros.
Acredito que seja muito pouco provável.
Assim, objetivando ter no plantel todos esses predicados, somos a obrigados a
traçar um programa ambicioso de seleção que muito mais e além do conhecimento,
necessitará de “olho”, “sorte”, paciência e perseverança.
Mais que tudo: Obstinação
Vamos tentar estabelecer um programa
inicial que poderá e deverá ser revisto e reavaliado com o decorrer do tempo.
Ponto Inicial : Um Canário de
grande qualidade de Canto (o mais perfeito possível) e, o ideal, ter já
mais alguma das qualidades acima citadas: ex. Boa Voz.
Se este exemplar Inicial (Fundador) já tem essa grande
qualidade de canto, demonstra que ele tem predisposição genética para
assimilação do dialeto ministrado. Essa qualidade é hereditária. Portanto, 1 x
0 para nossa seleção. A tonalidade da voz, salvo defeitos adquiridos no
aprendizado (lembrar a formação de “gritadores” no artigo Vetorização-
Confinamento Áudio Visual de Filhotes – autoria de Gilson Barbosa), também é
hereditária, portanto passível de transmissão. OK??? 2 x 0.
O “Índice de Retomada” e “Tempo
de Duração do Canto” também são hereditários, (acredito que “Harmonia”,
“Andamento” são qualidades obtidas na Vetorização do filhote. Não sei qual
seria a definição de “Coesão”) Não esquecer também, que esse nosso futuro
Canário deverá ter “um mínimo de fibra” para cantar em todos os lugares
(Torneios) ainda que longe das disputas. (Vamos também partir de como
verdadeiro o pressuposto levantado pelo criador de curiós, sr. Isair Alves, de
que “a “fibra” é em pontos negativos na formação do curió de canto clássico : Quanto
mais fibra, menos clássico”).
Esse Mínimo de “fibra” é necessário
pois temos o exemplo do canário “Bethoven” (Osmar de Lima - Jacareí – SP.), de
enorme extensão de canto (já gravado 53 segundos numa única metralhada -
cantada), mas que canta apenas em seu “prego” (não canta em estacas de torneios
nem fora de casa).
Então rememoremos as qualidades de nosso Fundador:
Excelente Canto, Boa Voz e a “facilidade” de cantar fora de seu “prego”
habitual.
Exigir mais qualidades já é restringir o
universo das possibilidades (inclusive de aquisição – R$$$$) e começar a
apostar na Sorte.
Um programa de seleção animal não poderá
ficar a mercê da Sorte. Se ela ocorrer, e torcemos para isso, ótimo, mas a
Sorte geralmente ocorre quando se estabelece e se cumpre um programa de seleção
rigorosa com objetivo definido. Todos que cumprirem um programa de seleção por
consangüinidade em linha direta, terão a oportunidade de ver que a Sorte,
passará a acontecer após o F2.
Voltemos ao nosso Programa:
Já identificado o Fundador Inicial, vamos
selecionar as fêmeas. No mínimo 4.
Quais os critérios Ideais (Se impossível, o
mais perto disso):
1 - Fêmeas de mais de uma postura, boas
mães – chocaram e trataram dos filhotes;
2 – Fêmeas filhas de pais que cantavam um
dialeto aprendido artificialmente;
3 – Que os filhotes
tenham pelo menos aprendido canto “metralha; (Penso que ainda
seja o único dialeto que se ensina aos filhotes de Canário da Terra);
4 – Cujos filhos
tenham começado a cantar razoavelmente “cedo” (pelo menos 8 meses)
quanto mais precoces mais cedo as avaliações;
Constituído o Plantel Inicial, começamos
com os cruzamentos conforme já definidos em nosso programa de Formação de
Linhagem e o trabalho de vetorização dos filhotes.
Tal qual a seleção de “fibra” esta seleção
de “canto” terá problemas maiores com os F1. Quais fêmeas F1, passar para a
produção dos F2 ??? Reportemos ao texto de Formação de Linhagem:
–
É importante estabelecer o limite de “chocadas” para cada fêmea. Um
número ótimo seria 3 por temporada. A partir daí a mãe pode estar enfraquecida
pelo desgaste e fadiga e poderá produzir filhos fracos. É de se considerar também que esses filhotes (fêmeas),
nascidas no início da temporada, poderão estar aptas à procriação na temporada
seguinte. Nosso objetivo é Formar uma Linhagem e não obter um
número ilimitado de filhotes.
– É
indispensável uma seleção rigorosa dos produtos obtidos com a eliminação
drástica dos que apresentarem defeitos, taras, doenças, etc. (mesmo que
consideradas “menores”) Lembre-se: Defeitos também são transmitidos por via
hereditária.
Então convém
conferir as F1 fêmeas irmãs dos melhores machos F1. Só essas continuarão no
programa. Idem com as F2.
– Ter sempre presente o
Objetivo a ser atingido. Não espere sucessos imediatos.
– Após o
terceiro cruzamento, os avanços são aparentemente pequenos, ...
Porém
a nova base do Novo e Selecionado Plantel já está formada. (F3)
Aqui começa a “Sorte” do Criador
Selecionador:
É muito possível, que neste F3, e mesmo já nos F2, surja
um canário que destoe (para cima) dos irmãos, mostrando qualidades iguais ou
até superiores ao Fundador. É perfeitamente possível.
Considere a máxima do Prof. Baseggio :
“Somente
com a consangüinidade é possível obterem-se linhagens de alta genealogia, que produzem a cada ano campeões e raçadores e o
melhoramento é crescente no tempo”.
Atente também :
"a consangüinidade não é nada mais que um meio
para se fazer evidenciar os caracteres – positivos e negativos – na posse de um
determinado patrimônio hereditário de um indivíduo”
(Giorgio di Baseggio – selecionador de canários de cor
com mais de 25 anos de criação, estudos e trabalhos
sobre seleção de pássaros)
E sabe porque disto???? Com satisfação,
Transcrevo:
“ Herança poligênica.
Ao contrário de outros
tipos de herança que dependem de um único par de alelos, a herança poligênica
ou multifatorial depende de vários genes de locos diferentes. Entre os animais
há muitos traços de herança poligênica (como a displasia coxofemoral), a qual,
sofre também influências de variáveis ambientais. É bem provável que fibra e canto das aves dependam da
poligenia. (grifo, nosso)
Epistasia.
Um gene é epistático sobre
o outro quando anula ou oculta a manifestação do mesmo. Difere da dominância
por referir-se a genes de locos diferentes e não a alelos do mesmo loco.
Herança ligada ao sexo.
...
Também é interessante o fato de características gênicas encontradas no
cromossoma Y somente serem transmitidas de pai para filho, caracterizando a
herança holândrica. Daí certas qualidades, ou defeitos, de machos somente serem
encontrados nos seus filhos e não nas filhas.
Nas
aves, é claro, esse tipo de herança é determinado pelas fêmeas. “
José Carlos Pereira – Texto sobre Genética.
E o trabalho de seleção, aliado à
observação, anotações, registros e aferições entre os produtos (conjunto de
fatores que compõem o “OLHO” do criador), o farão selecionar 1 ou mais
filhotes de excepcionais qualidades que submetidos ao exaustivo trabalho de
vetorização do canto, farão a “SORTE” do criador em conseguir uma “Revelação”,
que com mais algum trabalho tornar-se-á um “Campeão”.
De posse deste novo “Campeão” ( mesmo que F3
ou 7/8 de sangue) já de qualidades até superiores ao Fundador, deve
aquele Fundador Inicial ser destinado a outro programa e Iniciar-se Outro Programa
de Formação da Linhagem tendo como Macho este “Campeão”.
Acredito que a partir deste novo Macho, o
caminho se tornará mais fácil quanto a Homogeneidade do Plantel mas
muito mais difícil na seleção dos indivíduos que continuarão no programa. O rigor
da seleção deverá ser maior, mas o caminho para a obtenção do Reprodutor com as
qualidades pretendidas já está delineado.
Viu como é fácil ??? Basta ter Sorte.
Luiz Antonio Taddei
26/Junho/2003
Jacareí
Classificação científica | ||||||||||||||
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Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) |
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