domingo, 31 de março de 2013

SELEÇÃO DO PLANTEL - sicalis flaveola




Luiz Antonio Taddei – JACAREÍ-SP.
26/Junho/2003

SELEÇÃO DO PLANTEL OBJETIVANDO CANTO, VOZ, ANDAMENTOÍNDICE DE RETOMADA,
HARMONIA, COESÃO,











TEMPO DE DURAÇÃO OU REPETIÇÕES, ETC PARA O CANÁRIO DA TERRA – sicalis flaveola 
  

Como estruturar uma base de dados do plantel ?

“Na medida que avança as nossas comunicações, concluo que mesmos aspectos vinculados aos fenótipos dos nossos pássaros, não estamos prontos para mensurá-los ou mesmo avaliá-los.
Para ilustrar, pensemos no caso dos pássaros para canto clássico. Os predicados canoros desejáveis estão vinculados à: Voz, Andamento, Índice de Retomada, Harmonia, Coesão, Tempo de Duração ou Repetições, etc ..
Afirmo com segurança, que neste momento não estamos preparados para registrar estes dados em uma ficha, que permitiria nortear decisões de acasalamentos adequados. A justificativa que encontro para esta limitação, decorre do fato de jamais termos nos empenhado, em registrar aspectos que estão diante dos nossos olhos e ouvidos...”  Ivan de Souza Neto.

Diante da preocupação apresentada, pergunto:
Existe atualmente algum Canário da Terra com todos esses predicados ???? 
Resposta: Sim existe, ou, quase. Todo pássaro apresenta em cada cantada Voz e Andamento de Canto, e também podemos mensurar o Índice de Retomada de Canto.
Para os pássaros que cantam num Dialeto, com características canoras previamente definidas dentro de um Padrão (vide regulamento para Metralha e Estalo) podemos avaliar: Harmonia, Coesão e Tempo de Duração do Canto.
Até aqui, não temos nenhuma novidade, em relação ao que é praticado nas estacas de canto, enquanto critérios a serem julgados.
Olhando sobre este enfoque, percebemos, que os predicados citados, são praticados de forma intuitiva e empírica.  A ausência de uma forma de mensurar Voz e Andamento de Canto é que torna a atividade de encartamento de canto confusa, ficando a mercê da predileção de cada um.
Obviamente que tenho a minha preferência particular, bem como, todo criador tem a sua. No entanto, a dificuldade de transformar estes predicados, em algo que uma pessoa distante do meu convívio pudesse mensurar e avaliar, e extrair  conclusões semelhantes às minhas, padronizaria as interpretações canoras dos pássaros. 






Acredito que seja muito pouco provável. Assim, objetivando ter no plantel todos esses predicados, somos a obrigados a traçar um programa ambicioso de seleção que muito mais e além do conhecimento, necessitará de “olho”, “sorte”, paciência e perseverança.
Mais que tudo: Obstinação
Vamos tentar estabelecer um programa inicial que poderá e deverá ser revisto e reavaliado com o decorrer do tempo.
Ponto Inicial : Um Canário de grande qualidade de Canto (o mais perfeito possível) e, o ideal, ter já mais alguma das qualidades acima citadas: ex. Boa Voz.
Se este exemplar Inicial (Fundador) já tem essa grande qualidade de canto, demonstra que ele tem predisposição genética para assimilação do dialeto ministrado. Essa qualidade é hereditária. Portanto, 1 x 0 para nossa seleção. A tonalidade da voz, salvo defeitos adquiridos no aprendizado (lembrar a formação de “gritadores” no artigo Vetorização- Confinamento Áudio Visual de Filhotes – autoria de Gilson Barbosa), também é hereditária, portanto passível de transmissão. OK???  2 x 0.
O “Índice de Retomada” e “Tempo de Duração do Canto” também são hereditários, (acredito que “Harmonia”, “Andamento” são qualidades obtidas na Vetorização do filhote. Não sei qual seria a definição de “Coesão”) Não esquecer também, que esse nosso futuro Canário deverá ter “um mínimo de fibra” para cantar em todos os lugares (Torneios) ainda que longe das disputas. (Vamos também partir de como verdadeiro o pressuposto levantado pelo criador de curiós, sr. Isair Alves, de que “a “fibra” é em pontos negativos na formação do curió de canto clássico : Quanto mais fibra, menos clássico”).
Esse Mínimo de “fibra” é necessário pois temos o exemplo do canário “Bethoven” (Osmar de Lima - Jacareí – SP.), de enorme extensão de canto (já gravado 53 segundos numa única metralhada - cantada), mas que canta apenas em seu “prego” (não canta em estacas de torneios nem fora de casa).
Então rememoremos as qualidades de nosso Fundador:
Excelente Canto, Boa Voz e a “facilidade” de cantar fora de seu “prego” habitual.
Exigir mais qualidades já é restringir o universo das possibilidades (inclusive de aquisição – R$$$$) e começar a apostar na Sorte. 
Um programa de seleção animal não poderá ficar a mercê da Sorte. Se ela ocorrer, e torcemos para isso, ótimo, mas a Sorte geralmente ocorre quando se estabelece e se cumpre um programa de seleção rigorosa com objetivo definido. Todos que cumprirem um programa de seleção por consangüinidade em linha direta, terão a oportunidade de ver que a Sorte, passará a acontecer após o F2.
Voltemos ao nosso Programa:
Já identificado o Fundador Inicial, vamos selecionar as fêmeas. No mínimo 4.
Quais os critérios Ideais (Se impossível, o mais perto disso):
1 - Fêmeas de mais de uma postura, boas mães – chocaram e trataram dos filhotes;
2 – Fêmeas filhas de pais que cantavam um dialeto aprendido artificialmente;
3 – Que os filhotes tenham pelo menos aprendido canto “metralha; (Penso que ainda
        seja o único dialeto que se ensina aos filhotes de Canário da Terra);
4 – Cujos filhos tenham começado a cantar razoavelmente “cedo” (pelo menos 8 meses)
quanto mais precoces mais cedo as avaliações; 
Constituído o Plantel Inicial, começamos com os cruzamentos conforme já definidos em nosso programa de Formação de Linhagem e o trabalho de vetorização dos filhotes.
Tal qual a seleção de “fibra” esta seleção de “canto” terá problemas maiores com os F1. Quais fêmeas F1, passar para a produção dos F2 ??? Reportemos ao texto de Formação de Linhagem:
        É importante estabelecer o limite de “chocadas” para cada fêmea. Um número ótimo seria 3 por temporada. A partir daí a mãe pode estar enfraquecida pelo desgaste e fadiga e  poderá produzir filhos fracos. É de se considerar também que esses filhotes (fêmeas), nascidas no início da temporada, poderão estar aptas à procriação na temporada seguinte. Nosso objetivo é Formar uma Linhagem e não obter um número ilimitado de filhotes.
É indispensável uma seleção rigorosa dos produtos obtidos com a eliminação drástica dos que apresentarem defeitos, taras, doenças, etc. (mesmo que consideradas “menores”) Lembre-se: Defeitos também são transmitidos por via hereditária.

Então convém conferir as F1 fêmeas irmãs dos melhores machos F1. Só essas continuarão no programa. Idem com as F2.

Ter sempre presente o Objetivo a ser atingido. Não espere sucessos imediatos.
Após o terceiro cruzamento, os avanços são aparentemente pequenos, ...
Porém a nova base do Novo e Selecionado Plantel já está formada. (F3)

Aqui começa a “Sorte” do Criador Selecionador:
É muito possível, que neste F3, e mesmo já nos F2, surja um canário que destoe (para cima) dos irmãos, mostrando qualidades iguais ou até superiores ao Fundador. É perfeitamente possível.
Considere a máxima do Prof. Baseggio :
“Somente com a consangüinidade é possível obterem-se linhagens de alta genealogia, que produzem a cada ano campeões e raçadores e o melhoramento é crescente no tempo”.
Atente também :
"a consangüinidade não é nada mais que um meio para se fazer evidenciar os caracteres – positivos e negativos – na posse de um determinado patrimônio hereditário de um indivíduo”
(Giorgio di Baseggio – selecionador de canários de cor
com mais de 25 anos de criação, estudos e trabalhos sobre seleção de pássaros)

E sabe porque disto???? Com satisfação, Transcrevo:

“ Herança poligênica.

Ao contrário de outros tipos de herança que dependem de um único par de alelos, a herança poligênica ou multifatorial depende de vários genes de locos diferentes. Entre os animais há muitos traços de herança poligênica (como a displasia coxofemoral), a qual, sofre também influências de variáveis ambientais. É bem provável que fibra e canto das aves dependam da poligenia. (grifo, nosso)

Epistasia.

Um gene é epistático sobre o outro quando anula ou oculta a manifestação do mesmo. Difere da dominância por referir-se a genes de locos diferentes e não a alelos do mesmo loco.

Herança ligada ao sexo.

... Também é interessante o fato de características gênicas encontradas no cromossoma Y somente serem transmitidas de pai para filho, caracterizando a herança holândrica. Daí certas qualidades, ou defeitos, de machos somente serem encontrados nos seus filhos e não nas filhas.
Nas aves, é claro, esse tipo de herança é determinado  pelas fêmeas.
José Carlos Pereira – Texto sobre Genética.

E o trabalho de seleção, aliado à observação, anotações, registros e aferições entre os produtos (conjunto de fatores que compõem o “OLHO” do criador), o farão selecionar 1 ou mais filhotes de excepcionais qualidades que submetidos ao exaustivo trabalho de vetorização do canto, farão a “SORTE” do criador em conseguir uma “Revelação”, que com mais algum trabalho tornar-se-á um “Campeão”.
De posse deste novo “Campeão” ( mesmo que F3 ou 7/8 de sangue) já de qualidades até superiores ao Fundador, deve aquele Fundador Inicial ser destinado a outro programa e Iniciar-se Outro Programa de Formação da Linhagem tendo como Macho este “Campeão”.     
Acredito que a partir deste novo Macho, o caminho se tornará mais fácil quanto a Homogeneidade do Plantel mas muito mais difícil na seleção dos indivíduos que continuarão no programa. O rigor da seleção deverá ser maior, mas o caminho para a obtenção do Reprodutor com as qualidades pretendidas já está delineado.

Viu como é fácil ??? Basta ter Sorte.

Luiz Antonio Taddei
26/Junho/2003
Jacareí

Classificação científica
Reino:Animalia
Filo:Chordata
Classe:Aves
Ordem:Passeriformes
Família:Emberizidae
Género:Sicalis
Espécie:S. flaveola
Nome binomial
Sicalis flaveola
(Linnaeus, 1766)

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