VEADEIRO NACIONAL - Grupo 08 - Raças Brasileiras
Grupo 08 de raças brasileiras.
Padrão elaborado pelos
cinófilos e estudiosos da raça Ubaldo Péricles Rodrigues da Fonte e Danilo
Felipe
Histórico:
O Veadeiro Nacional é a raça colonial brasileira de caça,
sobretudo ao veado, animal muito comum no Brasil outrora e hoje raro em algumas
regiões. A raça é nativa do Sudeste e Cento-Oeste, mas, também pode ser
encontrada em algumas regiões do Nordeste, Norte e Sul do Brasil. Sua origem
data provavelmente da chegada dos primeiros europeus em solo brasileiro no
século XVI. Uma forte linha sobre sua provável origem acredita que ao
perceber a grande quantidade de cervos de diversas espécies, o colonizador
europeu sentiu a necessidade de importar da Europa cães veadeiros ibéricos que
logo foram cruzados com os cães aqui já existentes, trazidos pelos pioneiros
portugueses e franceses, que também já haviam acasalado seus animais com o
intuito de aclimatação, com os cães primitivos, utilizados na caça pelos
ameríndios tupis e tapuias ha milênios. Os acasalamentos empíricos voltados
para à caça, durante séculos, mesclando diversas raças caninas: galgos,
podengos, sabujos, bracos, alanos e cães primitivos, indígenas, com
predominância nestes cruzamentos de galgos e podengos, gerou um cão singular e
imbatível na caça ao cervo, o Veadeiro Nacional. No século XX, mais
pronunciadamente após a década de 80, sua criação declinou e a raça quase
desapareceu, principalmente devido aos cruzamentos com cães da raça Fox Hound e
a proibição da caça em território brasileiro. O Nacional é, provavelmente, a
raça de cão mais antiga do Brasil. Hoje exemplares dessa raça brasileira estão
sendo bem empregados na caça ao Javali, com relativo êxito, tendo em vista que
para a modalidade citada uma agressividade moderada é benéfica e esta não se
encontra no veadeiro nacional, que na caça ao cervo valia-se de sentidos
comumente chamados pelos antigos caçadores de “esperteza”, não apresentando
agressividade.
Características gerais: cão atlético, com aspecto
leve, elegante, gracioso, com membros longos, de caráter nobre, ar de
dignidade, de olhar penetrante, de aspecto único e original, típico cão de caça
veloz dos tempos coloniais e imperial do país. O animal deve apresentar um
aspecto que demonstre rusticidade e grande resistência física, sendo, muitas
vezes, tímido e não permitindo a aproximação, em muitos casos até mesmo de seu
dono (quando criado livre em áreas rurais sem receber mimos do proprietário). A
voz dever ser como a dos podengos, voz rouca é encontrada em alguns exemplares,
mas não é desejada.
Temperamento: Cão alerta, enérgico na caça e podendo oscilar de
amigável ao desconfiado com os proprietários, dependendo do modo como é criado,
entretanto, arredio com estranhos, não aceitando aproximações de pessoas que
não convive, sem, contudo, ser agressivo. Animal típico de caça com grande
instinto venatório, caça valendo-se de muitos sentidos e não predominantemente
do olfato, como os sabujos, embora utilize o faro e o possua bastante aguçado.
Não é um cão agressivo com as pessoas, outros cães e até mesmo com animais,
sendo que na caça geralmente pratica a acuação e não o agarre (exceto em casos
de caças de pequeno até mediano porte).
Cabeça: (aparência geral): É longa, seca e pouco larga entre
as orelhas, afinando gradualmente aos poucos até a trufa, desejando-se a
proeminência occipital. Os zigomas são pouco salientes. Ausência de sobra de
pele (rugas, barbelas e pálpebras caídas) . Ausência quase total de stop entre
o focinho e o crânio.
Crânio: estreito e longo, desejando-se proeminência
occiptal e admitindo-se proeminência da crista frontal, não sendo a presença ou
ausência desta de caráter muito relevante.
Focinho: É longo e fino, em formato de cone, afinando em direção ao nariz,
que é pontudo. Deseja-se que o focinho tenha o mesmo comprimento do crânio,
podendo ser mais longo e admitindo-se nele um comprimento até 20% menor que o
do crânio. Os lábios, tanto superiores como inferiores, são finos e aderidos à
mandíbula/maxila, nunca pendentes. A trufa é negra ou marrom.
Mordedura: A mordedura deve ser em tesoura, prognatismo é desclassificatório,
admitindo-se mordedura em pinça. O encaixe perfeito dos dentes incisivos superiores
a frente dos inferiores é de se esperar. A boca do cão Nacional deve possuir 42
dentes na fase adulta.
Olhos: São oblíquos e com uma expressão oriental (o chamado olho de
japonês). A cor dos olhos varia de acordo com a pelagem, mas deseja-se o castanho
escuro.
Orelhas: Podem ser em rosa, semieretas, eretas ou tombadas, de tamanho
moderado e finas, sendo de flexibilidade moderada, nunca devem ser
excessivamente longas ou exageradamente grandes e largas como nos cães do tipo
sabujo, sempre portadas no ponto mais alto da cabeça.
Pescoço: Liso, sem barbelas, levemente curvado na parte superior, longo.
Tronco: Visto de perfil tem formato retangular, típico de um cão
corredor. O cão visto de frente nunca deve parecer muito largo ou
estreito em excesso, sendo um cão alto e harmonioso. O corpo é musculoso,
magro, sem gorduras aparentes, porém nunca é excessivamente magro como um galgo
de corrida.
Dorso: longo e largo, muitas vezes deixando notar ao olho as extremidades
superiores das vértebras .
Lombo: Musculoso, podendo ser reto ou ligeiramente arqueado (convexo),
também deixando mostrar as extremidades superiores das vértebras lombares.
Garupa: Inclinada, desejando-se a proeminência do íleo.
Peito: Ligeiramente profundo.
Costela: Profundas, arqueadas, formando uma caixa toráxica ampla.
Flancos: esgalgados
Cauda: A cauda deve ser longa ou curta de nascimento (o bob tail).
Fina, com pelos curtos ou enpenachada. Quando o cão está em alerta pode
levantar sua cauda acima da linha superior, mas, nunca enrolada sobre o dorso
ou muito curvada.
Membros:
Anteriores: Não virados nem para dentro nem para fora, longos e esbeltos,
sem ossatura exageradamente grossa que dificulte a corrida e a resistência
física ou exageradamente finos que predisponha à fraturas. Ombros oblíquos
e musculosos, sem excesso. Cotovelos livres, colocados logo abaixo dos ombros.
Metacarpos de tamanho moderado com patas de tamanho moderado.
Posteriores: Coxas e pernas longas e musculosas,
demonstrando poder de propulsão.Jarretes angulados, não virados nem para dentro
nem para fora. Metatarsos de tamanho moderado, com a pele que o reveste bem
aderida. Deseja-se que as patas sejam de comprimento moderado a longo (pé de
lebre), com dedos compactos, bem arqueados e com fortes almofadas, com unhas preferencialmente
negras.
Altura: na cernelha os machos devem medir entre 58 cm e 67 cm e as fêmeas
entre 54 cm a 65 cm.
Peso: entre 19 kg e 28 kg
Pelagem: curta, podendo ser a cauda empenachada, aderida ao corpo e áspera
ao toque. A cor predominante é o baio e suas variações de tons, desde os mais
claros até os vermelhos que permitem uma camuflagem perfeita ao solo argiloso
brasileiro. Contudo, existem cães da raça Veadeiro Nacional com pelagens
malhada, tigrada ou tricolor. As cores dos olhos e trufa variam de acordo com a
pelagem.
Observações: os machos devem portar os testículos acomodados no saco
escrotal;araça é sujeita à prova de trabalho para homologação de título de
campeão, sendo o cão avaliado em provas elaboradas por futuras associações de
criadores ou dando o proprietário provas da eficiência do animal no trabalho.
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