TESTE DA NATURALIDADE DA MARCHA
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*Lúcio
Sérgio de Andrade
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Um dos mais graves erros de julgamento é premiar um campeão que não seja natural no marchar. Lamentavelmente, este erro vem ocorrendo repetidamente, nas principais exposições de equideos marchadores – raças Mangalarga Marchador, Campolina, jumentos e muares Pêga.
Os Padrões Raciais de todas estas
associações definem claramente os pré-requisitos da dissociação e da
ocorrência de triplices apoios:
MANGALARGA MARCHADOR – Marcha batida ou picada – é o andamento natural,
simétrico, a quatro tempos, com apoios alternados dos bípedes laterais e
diagonais, intercalados por momentos de tríplice apoio.
CAMPOLINA – “Marcha natural com deslocamentos nitidamente
dissociados e tríplices apoios definidos, cômoda, elegante, regular e
desenvolta.” A dissociação é oficialmente definida como sendo “a movimentação
dos quatro membros em momentos diferentes, de forma rítmica e cadenciada,
resultando na ocorrência dos diferentes apoios laterais, diagonais e tríplices,
permitindo a manutenção do animal sempre em contato com o solo durante sua
locomoção, condição básica para que ocorram os tríplices apoios.” A
comodidade é definida como sendo”a qualidade do andamento pela qual os
movimentos do animal não transmitem atritos e abalos ao cavaleiro.”
PÊGA - Marcha de tríplice apoio natural, espontânea,
avante, picada ou batida, com deslocamentos alternados dos bípedes em lateral
e em diagonal.
A primeira pergunta: Se os Padrões
Raciais não deixam dúvidas quanto à essência do diagrama marchado –
dissociação resultante da alternância entre apoios duplos diagonais e
laterais, intercalados por momentos de triplices apoios -, surge a pergunta
que “está na boca” da maioria dos criadores e usuários - Por que os árbitros
premiam campeões portadores da marcha batida diagonalizada, marcha trotada e
ou trote???
A segunda pergunta: Se os antigos
criadores do século XX priorizavam a comodidade, por que a marcha batida do
século XXI não apresenta a mesma qualidade no quesito comodidade??? Ressalva
– em se tratando de cavalos e muares cuja principal utilidade é em passeios e
cavalgadas, indubitavelmente a comodidade é o parâmetro de maior valor no
contexto da avaliação qualitativa da marcha em julgamentos.
As respostas são variadas:
– má interpretação do Padrão
Racial, por desconhecimento do próprio árbitro, ou por orientação que tenha
recebido do técnico responsavel pelos cursos de reciclagem e formação de
árbitros;
- pouca importância dada ao Padrão
Racial, que é o instrumento maior do aprimoramento genético de uma raça;
- falta de conhecimento da marcha
batida clássica, original das raças brasileiras de equideos marchadores.
Muitos árbitros, em especial os novatos, sem berço na antiga seleção de
equideos marchadores, deveriam assistir, repetidamente, videos de autênticos
marchadores, representativos da marcha batida clássica;
- modismos, que surgem de tempos em
tempos, por questões comerciais e politicas. Quem segue moda não tem opinião
própria;
- influências de outras raças, em
especial da Mangalarga Marchador, que é a principal raça. Brasileiro adora
copiar, sem apurar, estudar. O resultado pode ser uma “cópia falsificada”, a
exemplo de todos os andamentos limitrofes ao trote convencional.
A solução é introduzir nos
regulamentos de julgamento do andamento um novo quesito – NATURALIDADE. Todos
os animais seriam obrigados a executarem testes de naturalidades da marcha,
que podem ser os seguintes:
Transição passo/marcha – o cavaleiro deve relaxar os comandos de
rédeas, pressão de pernas e assento, solicitando uma transição suave do passo
relaxado para a marcha de velocidade baixa. A marcha pura nada mais é do que
o passo em média ou alta velocidade. Se for notada diagonalidade excessiva,
será marcha batida diagonalizada. Se a diagonalidade excessiva
for acompanhada por elevação e flexão exageradas dos membros anteriores e
posteriores será marcha trotada. Se a
diagonalidade excessiva for acompanhada por momentos de suspensão será trote
convencional.
Tablado – se as batidas dos cascos forem escutadas duas a
duas será indicativo de andamentos limitrofes ao trote convencional. O animal
deve marchar sobre o tablado sem interferência de equitação, ou seja, sem
reunião de rédeas, pressão de pernas ou pressão de assento.
Analoc E – Computador Analisador da
Marcha – Este é o teste mais preciso, há mais
de dez anos disponibilizado para as associações brasileiras de equideos marchadores.
Infelizmente, por questões meramente políticas, esta moderna tecnologia ainda
não foi adotada nos julgamentos de andamento.
Câmera fotográfica digital – Na dúvida, o árbitro pode tirar fotos
sequencias, que comprovarão o grau da dissociação. Exemplo: Se o par diagonal
de membros estiver deslocamento na mesma fase (elevação ou avanço), em um
mesmo intervalo de tempo, será marcha batida diagonalizada, marcha trotada ou
trote convencional.
O fato é que a riqueza da
equinocultura brasileira de marcha vem sendo empobrecida com os andamentos
bastardos, ou seja, sem pureza genética. Anualmente, centenas de animais vêm
sendo premiados como campeões, mesmo não sendo portadores de marcha tipica,
seja porque o DNA carrega os genes do trote, ou porque o treinamento focou na
diagonalidade do andamento. Milhares de compradores vem sendo enganados em compras
de animais não autênticos de marcha, ou de marcha ensinada, a qual não será
transmitida de geração a geração.
O momento é de reflexão profunda,
quanto ao mal que a marcha batida diagonalizada, bem como outras modalidades
de andamentos limitrofes ao trote convencional, estão fazendo ao
aprimoramento zootécnico.
*Lúcio Sérgio de Andrade –
Zootecnista, escritor, árbitro de equideos marchadores, Pedidos de livros
impressos, livros digitais em CD, DVD’s, CURSOS ONLINE, equipamento para doma
e treinamento de cavalos marchadores, através do site www.equicenterpublicacoes.com.br
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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016
TESTE DA NATURALIDADE DA MARCHA
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